Cinco décadas nos separam daquele dia em que recebi um convite para participar de uma palestra e que resultou na proposta para que assumisse a gerência da Transbrasa, empresa na época estabelecida na região do ABC.

Quando aceitei a missão sabia que teria um grande desafio. A empresa passava por sérios problemas financeiros, não possuía um norte bem definido, mas se inseria num mercado promissor, apesar da crise da economia interna. E não tinha como atuar no setor de transporte sem olhar para o Porto de Santos, um imenso mercado que começava a ganhar novos contornos com a expansão da movimentação de cargas, inclusive contêineres.

Assim que assumi a missão de gerenciar a empresa já pensei na sua expansão, mesmo diante das inúmeras dificuldades financeiras. E no início foi difícil encontrar parceiros para se associarem ao negócio.

Aos poucos eles foram surgindo, principalmente quando resolvi encarar o desafio de alugar a área em que está a Transbrasa até hoje, no início da década de 1980.

Foram muitas etapas até conseguir dispor do controle acionário da empresa, mas sempre acreditei que quem busca sucesso na gestão de um negócio não pode temer riscos.

Com o devido cuidado, também fui incorporando a própria família ao negócio. Ciente de que a formação do caráter vem pelo exemplo, nunca protegi nenhum dos meus filhos no âmbito empresarial. Todos começaram pelas atividades mais simples até alcançarem postos de direção.

E não tem nada tão valioso quanto crescer num negócio ao lado da própria família. E na época do surgimento das grandes corporações permanecer no competitivo sistema portuário chega a ser visto como uma grande aventura.

Permanecemos. Vencemos os mais imprevisíveis obstáculos e tornamos a Transbrasa uma empresa familiar até em nossas relações com os colaboradores. Trata-se de uma verdadeira vitória coletiva.