Desaceleração mundial e atividade local fraca tiram fôlego do comércio exterior do Brasil
A desaceleração da economia internacional e o marasmo da atividade local estão afetando o ritmo de venda e compra de produtos do Brasil. Neste ano, entre janeiro e agosto, a corrente de comércio do país somou US$ 265,7 bilhões e está quase 5% menor do que o observado no mesmo período de 2018.
Resultado da soma das exportações e importações, a corrente de comércio é considerada um importante termômetro da atividade econômica. Se a queda se confirmar ao longo do ano, será o primeiro recuo desde 2016, quando a economia brasileira enfrentava um quadro de recessão.
Quais são os números que mostram a fraqueza do comércio do Brasil:
Neste ano, as exportações recuaram 5,9%, influenciadas pela redução de preços das commodities (produtos básicos, como soja e minério de ferro) e pela crise na Argentina;
No mesmo período, as importações caíram 3,4% por conta da fraqueza da economia brasileira, que faz com que empresários demandem menos produtos.
A crise da Argentina também tem prejudicado a venda de produtos brasileiros – o país vizinho é o principal comprador de itens manufaturados do Brasil. Entre janeiro e agosto, a exportação para as empresas argentinas já recuou 40%.
“A Argentina é o carro chefe na exportação brasileira de automóveis”, diz Lia Valls Pereira, pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). “Qualquer crise (na Argentina) tem um impacto forte para o Brasil.”
A economia da Argentina enfrenta um quadro bastante complicado e que se agravou nas últimas semanas. Sem recursos, o governo pediu um prazo maior para pagar a sua dívida com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e credores privados. Também limitou compra de moeda estrangeira.
Pelo lado das importações, o fraco dinamismo da atividade econômica do Brasil reduz a necessidade de importação de produtos pelas empresas locais. Por ora, as expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deste ano estão abaixo de 1%, mesmo com o resultado considerado surpreendente no segundo trimestre, quando a economia brasileira cresceu 0,4%.
“Há muita incerteza, ninguém quer fazer investimentos para daqui um ou dois meses”, afirma Castro. “Há um fator externo, mas a incerteza do cenário interno também contribuir para essa piora.”
Saldo comercial menor
Embora fracos, os números ainda indicam que o Brasil terá um superávit comercial (saldo das exportações menos importações) robusto neste ano. Mas as projeções estão um pouco mais modestas.
Os analistas consultados pelo relatório Focus, realizado pelo BC e que colhe a avaliação de analistas para o desempenho da economia, estimam um superávit de US$ 52,35 bilhões neste ano. Em 2018, o saldo comercial do país foi de US$ 58,298 bilhões.
Na leitura da AEB, os últimos números do comércio exterior apontam para um superávit inferior a US$ 50 bilhões. “Em julho, a expectativa era de um superávit de US$ 52 bilhões, mas com a fraqueza das exportações esse número deve ser inferior a US$ 50 bilhões”, diz Castro.
Fonte: G1
Imagem: G1