Ibre prevê PIB mais dinâmico, mas com expansão modesta
O Produto Interno Bruto (PIB) não mostrou aceleração no terceiro trimestre, mas a composição do crescimento foi mais dinâmica, na avaliação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). A entidade trabalha com expansão de 0,1% da economia de julho a setembro em relação aos três meses anteriores, feitos os ajustes sazonais. O IBGE divulga o dado na sexta-feira.
Mesmo com a relativa estabilidade ante o segundo trimestre – quando o PIB cresceu 0,2% sobre os primeiros três meses do ano – os economistas Armando Castelar Pinheiro, Silvia Matos e Julio Mereb destacam que a retomada deve ser mais disseminada pela ótica da demanda: os investimentos também subiram, depois de quase quatro anos. As projeções estão no Boletim Macro de novembro do Ibre, divulgado com exclusividade ao Valor. Com exceção do segundo trimestre de 2016, período em que a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida do que se investe em máquinas, construção civil e pesquisa) avançou 0,4% na comparação trimestral, todos os trimestres desde o último de 2013 foram negativos para esse componente do PIB.
No terceiro trimestre, o instituto prevê alta de 1,3% para a FBCF. Segundo Silvia, que coordena o boletim, tanto a importação quanto a produção de máquinas e equipamentos tiveram desempenho mais robusto no terceiro trimestre, tendência que parece ter se mantido em outubro, quando as importações desses itens subiram 24%, em volume, sobre setembro. “Tivemos uma surpresa favorável com a absorção de máquinas e equipamentos, mas é difícil que o investimento tenha desempenho positivo no ano por conta da construção civil”, afirma ela.
Ainda pela ótica da demanda, o consumo das famílias, que já vinha mostrando reação desde o primeiro semestre, deve ter aumentado 0,9% de julho a setembro. De acordo com a equipe de conjuntura do Ibre, o varejo segue liderando a retomada. Embora os saques de contas inativas do FGTS tenham impulsionado as compras em um primeiro momento, o Ibre afirma que há fatores estruturais que sustentam a recuperação da demanda das famílias: melhora da oferta de crédito para pessoa física, redução do endividamento das famílias, aumento do poder de compra com a desaceleração da inflação e reação mais rápida que a prevista no mercado de trabalho.
Excluindo-se o setor agropecuário – que teve impacto positivo das safras recorde no início do ano e, agora, deve recuar 4% – a atividade econômica vai ganhar tração no terceiro trimestre, destaca Silvia. Sob essa métrica, o PIB cresceu 0,3% no primeiro trimestre, 0,6% no segundo, e 0,9% no terceiro pelos cálculos do Ibre. “A visão é de aceleração da economia”, afirma. Ela considera o desempenho previsto para o período de julho a setembro é satisfatório, diante dos desafios à frente.
Para o Ibre, a reforma da Previdência é uma das poucas mudanças que devem ocorrer ainda no governo atual, mas em formato mais restrito que a proposta original. “À medida que o fim do ano se aproxima, consolida-se entre os analistas a percepção de que é limitado o espaço para mais mudanças na política econômica no curto prazo e que mudanças mais profundas terão de aguardar 2019”, diz o boletim.
Fonte: Valor On-line
Imagem: Revista ES Brasil