País perde espaço na exportação de manufaturados, afirma CNI

Publicado por Transbrasa
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Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que a participação do Brasil nas exportações mundiais de produtos manufaturados caiu 0,24 ponto percentual entre 2005 e 2015. Nesse período, esse índice recuou de 0,82% para 0,58%. Esse percentual manteve-se praticamente estável na comparação com 2014, quando estava em 0,59%.

Os números constam do estudo “Desempenho da Indústria no Mundo”, elaborado com base em estatísticas da Organização Mundial do Comércio (OMC), e foram obtidos com exclusividade pelo Valor. De acordo com o levantamento, além de perder espaço nas exportações, a participação brasileira na produção mundial de manufaturados – independentemente das vendas ao exterior – caiu de 2,74% em 2006 para 2,08% em 2015 e 1,84% em 2016.

No mesmo período, a fatia da indústria chinesa cresceu 11,8 pontos percentuais e a da Coreia do Sul, 0,56 ponto percentual. Segundo o estudo, diante do recrudescimento da crise econômica interna, o ritmo de queda da participação da indústria brasileira no total da produção mundial se acentuou a partir de 2014.

Entre 2015 e 2016, essa participação caiu 0,24 ponto percentual, enquanto a da China aumentou 0,9 ponto percentual, chegando a 24,36%. Na avaliação do gerente-executivo de política econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, os indicadores mostram que o Brasil está perdendo capacidade de competir no mercado mundial de produtos manufaturados. Ele afirmou que o Brasil está com comportamento semelhante ao de países avançados, sem, no entanto, ter o seu nível de renda.

Castelo Branco atribui esse movimento a uma elevação no custo de produção associada a uma queda na produtividade do país. “Estamos perdendo espaço tanto na produção quanto nas exportações, dada a nossa dificuldade de competir. Em países como China, México e Coreia do Sul, a indústria tem sido o motor do crescimento”, afirmou o gerente-executivo, que defendeu reformas estruturais que promovam a competitividade brasileira.

Castelo Branco afirmou ainda que o Brasil precisa investir no ganho de produtividade e não contar apenas com a trajetória do câmbio. Na semana passada, o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) elevou de US$ 60 bilhões para entre US$ 65 bilhões e US$ 70 bilhões a expectativa para o superávit da balança comercial no fechamento de 2017.

A trajetória do câmbio e o desempenho do setor agroindustrial devem contribuir para esse resultado, e não necessariamente um ganho de produtividade, explicou o economista. O estudo da CNI revela ainda que, num movimento contrário do brasileiro, a participação mexicana nas exportações mundiais de manufaturados iniciou recuperação em 2012 e se mantém em crescimento.

Em 2015, ela atingiu 2,64%. Já sua participação na produção mundial de manufaturados caiu, passando de 1,86% para 1,66% em 10 anos. “O México tem uma vantagem pelo fato de ter entrado no Nafta [Tratado Norte-Americano de Livre Comércio] e ter entrado no mercado americano, o maior de consumo do mundo.

A China entra lá por ser competitiva; o México, por fazer parte do tratado. Não temos nenhum dos dois fatores”, disse Castelo Branco.

Fonte: Valor On-line

Imagem: Informativo dos Portos