PIB perde força, mas deve ser positivo no 2º tri, diz FGV

Publicado por Transbrasa
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A greve dos caminhoneiros tirou força de uma economia que já vinha perdendo ritmo, mas apesar do tombo de maio, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro ainda deve ser positivo no segundo trimestre, afirma a economista Silvia Matos, coordenadora do Boletim Macro, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV). “A economia brasileira continua sobrevivendo aos choques”, diz.

O Ibre ainda espera mais dados, mas vê o produto crescendo entre 0,3% e 0,4%, de uma projeção atual de 0,7% sobre o primeiro trimestre, feito o ajuste sazonal. Há quem aposte em retração. “Estamos no grupo dos mais positivos”, diz Silvia. O motivo seriam os indicadores econômicos de abril, que foram muito bons, e uma reversão da queda de maio em junho, especialmente na indústria. “As perdas devem ser revertidas na mesma medida. A prévia da sondagem [da indústria em junho] foi relevante para essa percepção”, diz Silvia, que estima queda de 9% na produção industrial do mês passado, ante abril, feito o ajuste sazonal.

Outro motivo que mitiga o pessimismo é a previsão do varejo ampliado em maio, que de queda de 5% passou para recuo de 3% após a divulgação do índice Cielo, que subiu 3% sobre o mesmo período de 2017, descontada a inflação, apesar da greve. Em termos nominais o crescimento foi de 4,6%. Segundo a Cielo, o varejo iniciou muito bem o mês, o que compensou a queda no final do período.

“Os dados indicam que maio foi ruim, mas não um desastre. Abril foi muito bom e deve haver reversão em junho, então podemos ter um PIB fraco, mas positivo. Mas poderia ser melhor”. Silvia espera mais dados de junho para calibrar melhor as projeções do trimestre e do ano, cuja previsão caiu de 2,3% para 1,9%, taxa também com viés de baixa.

Um dos componentes do PIB que já andava mal antes da greve e deve continuar assim é o investimento. O Ibre-FGV tinha uma visão conservadora, de crescimento de 5% no ano, e agora a projeção passou a 4%, com viés de baixa. Para o segundo trimestre, a previsão é de queda de 1,5%. “A incerteza eleitoral, o câmbio desvalorizado, a curva de juro longo em alta, mesmo antes da greve, afeta muito esse setor”, afirma.

Um dos componentes do PIB que já andava mal antes da greve e deve continuar assim é o investimento. O Ibre-FGV tinha uma visão conservadora, de crescimento de 5% no ano, e agora a projeção passou a 4%, com viés de baixa. Para o segundo trimestre, a previsão é de queda de 1,5%. “A incerteza eleitoral, o câmbio desvalorizado, a curva de juro longo em alta, mesmo antes da greve, afeta muito esse setor”, afirma.

Não apenas a greve dos caminhoneiros freou as expectativas, mas a grande incerteza quanto à agenda fiscal dos candidatos mais bem colocados nas pesquisas tiram o ímpeto de investimento do setor privado. “Acho que o mercado, principalmente, antecipou o mau humor com os candidatos que estão na frente”, diz a economista. É este cenário interno que tem afetado o câmbio, por exemplo, diz.

A nova edição do Boletim Macro aponta para o risco uma crise de confiança, com um aumento ainda maior do custo de financiamento do setor público, o que tornaria a dívida insustentável. Sem medidas para afastar esse risco, o ajuste seria feito via inflação. Para Silvia, o mercado anteciparia esse momento, o que obrigaria o Congresso a tomar posições que veio adiando até agora. “Isso a sociedade não tolera mais, levaria a uma perda de popularidade. O Congresso é conservador e tomaria posições” para evitar uma situação-limite como essa, acredita Silvia. “A gente gosta de flertar com o abismo, mas o Congresso é suscetível à economia”.

No front externo, o Ibre não vê um cenário mais adverso do que o atual. No boletim, o economista José Júlio Senna avalia que o cenário internacional não deve evoluir para um quadro de inflação e juros mais altos, que seria pior para os emergentes. Nos EUA, as expectativas de inflação bem comportadas e a redução do poder de barganha dos trabalhadores podem amenizar o impulso fiscal dos próximos anos. “Mas estamos num período turbulento por causa da guerra comercial que é ruim para todos. De qualquer forma, não se pode ficar à espera de uma melhora no cenário externo para resolver nossos próprios problemas”, diz Silvia Matos.

Fonte: Valor On-line

Imagem: Último Instante