Transporte aéreo no Brasil deve dobrar de tamanho até 2037, estima Iata
O transporte aéreo brasileiro deve dobrar de tamanho no prazo de 20 anos até 2037, se mantiver as políticas públicas atuais para o setor. Dessa forma, o transporte aéreo deve contribuir com US$ 38,7 bilhões para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro até 2037, gerando 1,4 milhão de empregos. Em 2017, o setor empregava 838,7 mil pessoas e contribuiu com US$ 18,8 bilhões para o PIB. Os dados são de um estudo elaborado pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), que representa as 290 maiores empresas aéreas do mundo.
Mas, de acordo com a associação, se o país adotar políticas mais favoráveis ao desenvolvimento do transporte aéreo, o setor tem potencial para quase quintuplicar de tamanho, movimentando US$ 88,2 bilhões por ano e empregando 3,2 milhões de pessoas.
Dany Oliveira, diretor geral da Iata no Brasil, disse que o primeiro cenário leva em consideração o crescimento orgânico do setor com a manutenção das regras atuais para o setor aéreo. A segunda estimativa foi feita considerando a adoção no país das melhores práticas do setor.
“No Brasil, a contribuição do setor para o PIB é de aproximadamente 1%. A média global para o setor é de algo entre 3,2% e 3,4%. Só essa comparação já mostra o grande potencial de melhoria do setor”, afirmou Oliveira.
O executivo cita como fatores que podem acelerar o crescimento do setor melhorias na infraestrutura de aeroportos, redução de burocracias para estimular o transporte aéreo de cargas e redução nos preços do combustível de aviação. “No mundo, o querosene de aviação representa, em média, 22% dos custos das companhias aéreas. No Brasil, representa quase 40% dos custos. Isso precisa ser revisto”, afirmou Oliveira.
O diretor da Iata também citou como entrave ao desenvolvimento do setor o número excessivo de ações judiciais movidas contra empresas aéreas no Brasil, em comparação com outros países. “Nos Estados Unidos, de cada 100 voos realizados, 0,01 é alvo de processo. No Brasil, são seis processos para cada 100 voos. As empresas precisam montar uma equipe jurídica gigantesca no Brasil. Isso afasta a entrada de novos competidores”, afirmou Oliveira.
O executivo ponderou que o Brasil é signatário de tratados internacionais, como a Convenção de Montreal, que regula e estabelece regras relativas ao transporte aéreo, mas que a Justiça brasileira ignora esses acordos. “O judiciário brasileiro não aplica os tratados e convenções assinados”, disse Oliveira.
O diretor da Iata estima que 2,3% do custo total das empresas aéreas brasileiras seja relacionado ao pagamento de indenizações em processos movidos na Justiça. “Espera-se que, neste ano, o custo de operação das aéreas fique em torno de US$ 10,3 bilhões, ou pouco mais de R$ 40 bilhões. Só de judicialização, os custos chegam a R$ 1 bilhão”, calculou.
Fonte: Valor On-line
Imagem: Valor Econômico